Apesar de sempre ter tido uma vida convencional, e viver tão bem quanto feliz com essa opção, a verdade é que tenho cada vez mais a certeza de que não nasci para ter uma, ou pelo menos para viver toda a vida nesse padrão. Não me considero minimamente excêntrica mas sei que, à minha maneira, gosto de quebrar convenções. Não para afrontar ninguém, não por pura rebeldia e ainda menos por simples leviandade, mas para viver de forma mais plena quem sou. Não existe só uma fórmula para a felicidade, só uma forma de olhar para a vida e de a viver. Existem tantas quantas as diferenças que cada um tem, as que traz à nascença e as que vai adquirindo ao longo da vida. E só por esta história, como tantas outras, andar a ser tão mal contada há tantos séculos é que tanta e tanta gente se predispõe à infelicidade da normalidade.
Não sou hoje uma pessoa assim tão diferente daquela que fui quando me comecei a perceber como gente grande. Mais sonho, menos desilusão, continuo a acreditar nas mesmas coisas e a desejar mais do mesmo. Acredito nas pessoas. Desejo ser feliz. Simplesmente feliz. E onde mora essa felicidade? Pois essa é que é a resposta que tem variado ao longo dos anos. E ainda bem, porque se o mundo não pára de girar, preocupante seria que os meus objectivos se fixassem há vinte anos no mesmo.
Ao nível pessoal continuo a desejar basicamente o mesmo e do muito que já realizei o cômputo final é muito bom. É por onde tenho feito caminho que desejo continuar a caminhar, de preferência sempre conseguindo fazer mais e melhor com as pessoas que tenho e vou conquistando ao meu redor.
Já ao nível profissional o desafio é cada vez maior. E é aí que sinto que, nesta fase ímpar da minha vida, está tudo em aberto, tudo por decidir, tudo por agarrar e não tudo para perder.
Profissionalmente sempre senti que era capaz de me desdobrar em mil, sobretudo porque sou uma apaixonada pelo trabalho - não uma workaholic, entenda-se, porque mais do que adorar necessito de ter vida privada e de preferência bem privada - e não me é difícil apaixonar e entregar a uma série de actividades. Claro que há algumas que me preenchem incomparavelmente mais do que outras, mas não sou difícil de contentar, tanto nesse campo como no pessoal. Contudo, não sou utópica. Sei bem que necessito, e muito, do meu trabalho para sobreviver, pagar contas ao fim do mês como toda a gente e, de preferência, conseguir fazer aqueles gastos supérfluos que tornam a vida mais colorida e um lugar mais apetecível para viver. É por isso que, infelizmente, na hora de decidir a escolha encolhe, substancialmente. É porque se já os empregos bem remunerados são mal remunerados neste estranho e quase patético país, o que dizer dos outros, dos que quase ninguém quer e que eu, ao contrário, adoraria ter?...
Hoje voltei a uma casa onde fui muito feliz durante oito preenchidos anos da minha vida. Onde tantas vezes fui posta na ordem por um grande Homem, que entrava no meu gabinete e, com o seu inconfundível ar irreverente, lançava para cima da minha secretária a peça que lhe dera a ler e me dizia com severidade, disfarçando a paternalidade:
A menina não está boa da cabeça... faça lá isso tudo outra vez, sim?... Mas agora a sério!
E é sempre tão bom voltar a onde se foi feliz! Este será, enquanto a vida quiser, o meu quartel- general. Como um colo para onde se foge ou uns braços onde nos refugiamos, nas horas de aperto ou incerteza. Ele já não está. Mas sei que sorri ao ver-me voltar.
Hoje voltei a um ponto de partida do qual desconheço em absoluto o ponto de chegada. Mas sei o que quero fazer pelo caminho. E sei-o porque o dia de hoje me trouxe incontáveis emoções e uma estranha clarividência sobre alguns caminhos a decidir. Amanhã mesmo deito mãos à obra. Porque nunca se deve deixar para amanhã a felicidade que se pode viver hoje.
Wish me luck! (porque a ideia é tão louca que bem preciso)
Antes sair e voltar do que nunca tentar (olha, rimou...)
ResponderEliminarEspero que corra bem. Sinceramente.
Bjo.
Já que pediste, que tenhas muita sorte!!! A certeza de que vai dar tudo certo já a tenho eu...
ResponderEliminarAbraço, Werner
Zé: Muito Obrigada! Um beijo, para o meu amigo artista
ResponderEliminarWerner: não sabia que tinha um "admirador secreto", dado que da forma como te diriges a mim pareces conhecer há muito o que faço e quem sou. Aqui fica o meu agradecimento e o meu sorriso, por essa tua certeza que gostaria que fosse também a minha. Em todo o caso, a sorte está lançada!
ResponderEliminarAbraço.