Retrovisor - 13 anos

imagem do blog Thresca

Tinha dito que NUNCA mais lá voltava. Claro que quando disse isso a idade ainda não me tinha permitido saber que Nunca é muito tempo, tanto que, a maioria das vezes, não cabe na nossa vida por muito longa que ela seja. Mas a verdade é que até hoje acreditava que nunca mais lá voltaria, embora já tivesse prometido à M. que um dia a levaria a conhecer o espaço por onde a mãe foi torturada até à licenciatura.

Hoje, voltei a entrar na FDL - Faculdade de Direito de Lisboa. Curiosamente, treze anos volvidos quase rigorosamente tudo está igual ao que deixei.

Na Reitoria da Universidade: os mesmos guichés (só o nome já me faz comichão!), os mesmos procedimentos, a mesma lentidão, os mesmos impressos, os mesmo prazos para entrega de um simples certificado de habilitações...

Na Faculdade: o mesmo ambiente deprimente de provas orais, o mesmo calafrio ao rever os anfiteatros do costume, tantas e tantas caras que se mantiveram - as contínuas nos corredores, as empregadas no bar, a rapariga da livraria...

Agora a porta de entrada move-se, à nossa passagem; agora há um edifício novo, onde as paredes fazem um maior sentido estético; agora há uma biblioteca mais confortável e mais apetecível; agora o bar tem cadeiras mais coloridas e o pano das mesas de snoocker deixou de ser verde para ser azul...

Agora, já passaram treze anos... mas hoje, quando num lugar que a minha vista ainda não alcançava, no corredor vazio que percorria, ouvi uma voz em tom solene chamar: Ana Margarida... juro que o apelido já não foi ouvido...

Afinal, treze anos, são quase nada. Só a idade pode transformar quase tudo!