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sexta-feira, setembro 18

E depois?...

imagem SL
do armário do nosso G.

Parece que foi ontem. E relembro tudo isto: as cores, os tamanhos (quase inverosímeis) as texturas, os padrões. A primeira barrela, o ficar a olhar para aquelas peças minúsculas, em frente ao ferro de engomar, sem fazer ideia por que ponta começar, por tão minúsculas serem...
O quarto, a cor escolhida, a mobília, os acessórios... Os cheiros novos. A vida com outra cor e outro sabor. O da expectativa. Do primeiro abraço, do primeiro beijo, do primeiro toque, pele com pele. Do tom dos olhos. Da cor do cabelo...
E depois?
Depois chegam. E do mundo, tal como até ali o conhecemos, passamos a conhecer o avesso. A noite transforma-se em dia. O dia em mais dia. A vida em mais vida.
Num abrir e fechar de olhos aprendemos a fazer rigorosamente tudo com uma só mão - a que não os segura a todo o instante. Tornamo-nos mágicas, malabaristas, trapezistas. Por eles corremos o mundo e viramo-lo ao contrário, se preciso for...
E depois?
Depois ficamos pateticamente frágeis e só precisamos de um colo que nos abrigue. Da inesperada vontade de chorar. Do cansaço. Das dúvidas. Das angústias do será que estou a fazer tudo bem?
E depois?
Depois um dia olhamos e percebemos que fizemos. Que fizemos tudo bem. As mil fraldas trocadas, as colheradas experimentadas, as cólicas, as insónias, os soluços, as febres, as fitas, os sorrisos, os passos e os cansaços deram lugar à certeza de que a primeira viagem se faz com muito mais bagagem do que a realmente necessária, que por tudo e por nada temos necessidade de consultar o mapa, que muitas vezes nos sentimos à deriva e sem bússola, mas que se não fosse essa, se não fosse essa atribulada viagem, não seriamos quem somos e não saberíamos o que sabemos, com eles e por eles, tão próximo, ao nosso lado.
E depois?...
Depois ficamos assim, entre a nostalgia e a felicidade. Olhando os armários que de novo se aprontam, os cenários que de novo se reinventam, as dúvidas que de novo se levantam, os sorrisos que muito próximo se adivinham...
E depois?...
Depois... Falta muito, Sobrinho?


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