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quinta-feira, setembro 10

O HACCP dos afectos e a esterilização de mentes

O primeiro dia de aulas da M. foi marcado pelo primado da higiene e saúde pública sobre a depravação e devastação provocadas pelos perigosos hábitos de amor parental.

É público e notório que só mesmo pais inconscientes e totalmente alheados do escrupuloso cumprimento dos seus deveres desejam acompanhar os filhos até à entrada da escola, ou até mesmo, quiçá, do recreio onde reencontrarão os seus saudosos amigos. Só mesmo pais nesta triste condição desejarão cumprimentar professores ou responsáveis escolares. Só mesmo pais completamente irrazoáveis terão intenções de tirar fotografias aos seus petizes para mais tarde recordar... Só mesmo gente sem eira nem beira deseja que o seu filho se sinta acompanhado e amado em cada diferente etapa de crescimento interior.

Nesse sentido, em nome de tudo isto e sobretudo a bem da saúde mental das crianças, hoje não era permitido aos pais transpor os portões do Colégio. Sequer até à portaria!

Tudo de acordo com prudentes e assépticas ordens do Ministério da Saúde que a instituição em causa cumpriu escrupulosamente, abolindo em absoluto os beijinhos que foram substituídos por cordiais cumprimentos de marcada influência oriental.

Não era, mas foi. Porque há pais a quem ainda não foi implementado o circuito de limpos e sujos, que ainda usam colher de pau para acertar os passos nos cozinhados da vida, mas que ainda não dispensam as pitadas de sal e a grandes medidas de doces beijos com que a mesma se tempera.

Quanto às outras mentes, se a fé no criador não é suficientemente forte para as safar desta pandemia de pânico e deixaram que lhes esterilizassem as mentes, como diria a minha beijo-infectada M., temos pena.

Para o resto, haja saúde!

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