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terça-feira, junho 30

Hoje



apetecia-me aquela sensação de Verão azul

de perder-me nas dunas e encontrar o amor

aquele que torna eternos os passeios à beira mar

os pores do sol de mãos dadas

as estrelas do mar as do céu e as limonadas

os jantares e os lanches

as ceias e as sestas

os beijos os braços e os abraços

o sol o sal e o luar

as noites que se prolongam em conversas

os dias que só acabam quando começam

e as palavras que só se dizem nos olhares

Take time

~ Realize ~

Colbie Caillat

Lançar os dados...

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Cada vez mais me parece inequívoco que há vantagem em olhar para a vida como um eterno jogo, um desafio permanente.
Nos jogos, como na vida, não há só o ganhar ou perder. Na verdade, essa é a sua vertente mais pobre, mais redutora. O mais importante, parece-me, é perceber as regras, primeiro as que nos impõe e depois as que criamos, por ajuste. Depois é olhar para o resto como uma diversão, porque no jogo, como na vida, também é bom jogar a feijões.
Ninguém gosta de perder, é verdade, mas talvez o sentimento de perda seja mais uma expectativa interior, que se depara com um resultado inesperado ou não desejado, do que uma realidade incontornável.
A vantagem de perder uma jogada é poder sempre começar de novo, com mais experiência e conhecimentos, sobre nós e sobre os outros. E, ao rolar dos dados, ou ao distribuir das cartas, tudo recomeça, como se fosse possível começar pela primeira vez.
Na vida, como no jogo, entre jogos e jogadas vale sempre a pena baralhar, voltar a dar, perder e muitas vezes ganhar.
A única coisa que não vale, não vale mesmo mesmo, é a batota.
E é muito feio jogar por debaixo do pano!

Às vezes...

fico com saudades... muitas... tantas... mas agora já sei que passam. sempre.

segunda-feira, junho 29

Aviso à população em geral

Nunca tirem agrafos com os dedos, sobretudo se tiverem na gaveta mesmo ao lado o respectivo saca-agrafos... é que alguns são mesmo traiçoeiros!... BTW, alguém tem um penso-rápido?...

Tobias

Foi há um ano que foste.
Saudades tuas, meu Bicas!

Coisas de que gosto


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  • de camas de ferro
  • de colchas de patchwork
  • de brincar com as cores
  • de refrescos e chás gelados
  • dos quadros eu um dia irei pintar

  • da minha infindável colecção de brincos pulseiras e colares e de conseguir sempre descobrir mais alguns que ainda não tenho
  • das memórias das férias na terra do meu avô

  • de reencontrar amigos de longa data que apenas o tempo separou

  • de parar todas as manhãs naquele café para tomar o segundo suplemento de cafeína

  • da M. com o seu sorriso terno e maroto e o seu olhar vivo e doce que me fazem ter a certeza que tudo vale a pena

Some Kind

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~ Some Kind of Wonderful ~

Joss Stone

domingo, junho 28

Aviso à população com filhos em idade de xaropes

Nunca partam um frasco inteirinho de Maxilase no chão da cozinha (ou em qualquer outro!).
Desconfio que o principio activo daquilo é o mesmo do tão famigerado Aero-OM... Açúcar em estado liquido!

Uma pergunta à deriva

A culpa nunca morre solteira ou teimam em casá-la à força?

Contentinhos?

Não, a culpa não é do S. Pedro! Deixem-se lá disso. A culpa é dos porteguesinhos que andam sempre muito deprimidos porque o Inverno nunca mais acaba, que nunca houve um ano com tanta chuva, uma Primavera tão cinzenta e que bem que podia vir o sol e o Verão, mas que mal vêm dois ou três dias de calor começam logo a dizer que assim não se aguenta, que não se consegue fazer nada, que até para ir à praia é perigoso e que é o Junho mais quente dos últimos duzentos e cinquenta mil anos!... Pois, a CULPA É VOSSA!
E agora... ESTÃO CONTENTES?

sábado, junho 27

Human Nature

~ Michael Jackson ~

Recanto

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de Deixa Entrar o Sol


Gosto

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... de me gostar

sexta-feira, junho 26

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~Broken Strings ~

James Morrison & Nelly Furtado

quinta-feira, junho 25

Password

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Muitos dos nossos amores estragam-se porque lhes falta um zip, uma argola que se puxe, um velcro, um «abre-te sésamo», uma password que de uma «grande pancada» (que confundimos com a paixão), nos conduza a um grande amor.

Eduardo Sá


Precisa-se - ou uma sugestão directa


Quatro! Quatro embalagens de incenso e todas vazias!!!
E eu que detesto cheiro a tabaco no cabelo!..

quarta-feira, junho 24

Coragem...

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... ou a felicidade de viver perigosamente, como a define OSHO
E sorrio, enquanto me ocorre uma pergunta:
Haverá mais coragem em fugir ou em ficar?
(haverá coisas escritas no céu?)

Uma pergunta à deriva



Ter principios não é o mesmo do que ter falta de oportunidade,
pois não?

Um dia...

talvez
deseje ter
uma casa toda branca
povoada com meninos azuis...
*e sonhos cor de rosa...



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terça-feira, junho 23

Quem sabe?...

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Não vale mesmo a pena tentar...
Não vale mesmo a pena acreditar
que a cabeça nem sempre sabe mais do que o coração...
Quem sabe?...

Porque todos sabem que sou uma mulher de Causas

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segunda-feira, junho 22

Instantâneo


E não é?!...

~ L-O-V-E ~

Joss Stone

Verão Azul

*onde está o Wally?


Um jantar, uma surpresa.

Um final de ano, um ciclo que se fecha. Um Verão à porta. Professores que partem para dar lugar a outros -neste caso, a muitos outros.

Risos, sorrisos, gargalhadas e lágrimas. Porque a vida está recheada de emoções, tantas e tantas vezes à flor da pele.

Um jantar, uma surpresa.

Uma turma, laços que na maioria se alicerçam e perpetuam desde os três anos. Olhamos, até mesmo nós, pais, surpreendidos... quase não demos por os ver crescer!... Tão grandes!!!

Um jantar, uma surpresa.

Durou até à uma da madrugada, prolongado no areal em frente do restaurante numa noite quente de quase-Verão.

Desta vez os surpreendidos foram eles. Que os pais, às vezes, ainda se lembram de pregar partidas e ser crianças... E é tão bom ser criança e ser feliz!



BOAS FÉRIAS, CRIANÇAS!

A liguagem dos afectos



Só passamos a acreditar em nós quando alguém nos revela que temos algo profundamente valioso, digno de ouvir, digno da nossa confiança, sagrado ao nosso toque. Uma vez que acreditemos em nós, podemos arriscar curiosidade, interrogar, deliciarmo-nos espontaneamente ou dedicarmo-nos a qualquer experiência que revele o espírito humano.

E.E. Cummings



Gosto

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... de almofadas. E agora dava-me tanto jeito ter uma para dormir...

Opções


Na vida
dispenso rótulos, etiquetas e prazos de validade.
Porque há riscos que, decididamente, valem a pena correr!

A Vida inspira-me...


E as pessoas que, apesar de todos os contextos e conjunturas, se continuam a enamorar de projectos e a se propõem a trabalhar para os colocar em marcha, passando-os do sonho à realidade, também.

Porque a vida sem paixão é quase nada e sem o amor que nos faz lutar contra ventos e adversidades um estranho lugar vazio. E se acabar? Se acabar fica a Saudade, esse estranho sentimento lusitano que se alimenta de nostalgias diversas, mas fica também o que se viveu e isso é aquilo que nada nem ninguém nos tira.
Pois é por tudo isso, e porque quem me conhece sabe bem do meu amor por Sintra, amor esse que me levou logo no inicio do meu percurso profissional a trocar as carreiras da capital pelo trabalho no campo, que hoje vos trago a noticia de que em breve abrirá um novo espaço. Um espaço que fiquei a conhecer nas minhas viagens pelos blogs, tendo chegado sabe-se lá como até este, e por onde fui ficando, à espera desta noticia que hoje partilho.

E porque na vida, virtual é muitas vezes mais aquilo que vivemos no trabalho ou em casa do que aquilo que se encontra na internet, aqui fica a minha promoção da Saudade - Vida e Arte do Povo Português , um espaço cheio de promessas, como só quem ama de coração aberto sabe fazer!

Por mim, desde já me trevo a dizer, ganhei um futuro refúgio aqui:






domingo, junho 21

Coisas de que gosto - no Verão


  • do azul e descubro a cada dia que também de vestir o azul
  • do sol por muitas horas
  • das noites quentes
  • da areia na praia à noite depois de um dia escaldante
  • das roupas leves e das inexistentes
  • do branco profundo de alguns lugares
  • das conversas ligeiras e prolongadas
  • dos banhos de sal
  • dos biquínis
  • das minhas havaianas
  • das massagens na praia do Barril
  • dos passeios de bicicleta em Tavira que sei que a vida me há-de permitir manter
  • daquele jantar nem que seja só por uma noite naquele lugar porque será sempre mágico
  • daqueles lugares a que em tão pouco tempo passei a pertencer porque seguramente sempre lhes pertenci mas ainda não nos tínhamos voltado a cruzar
  • de pulseiras no pé
  • de pulseiras nos braços
  • de perfumes de coco baunilha e pêssego
  • da pele bronzeada
  • de não ter horas e de ter férias
  • de ter muitas horas para gozar as férias
  • das coisas que podemos fazer e das coisas que podemos imaginar e ainda das coisas que podemos acreditar que se vão realizar

porque no Verão quase tudo se torna simplesmente possível e quase tudo é Perfeito!

Bem vindo!

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Por isso segue dentro de mim, neste Verão que hoje começou.

sábado, junho 20

sexta-feira, junho 19

Hoje

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É mesmo a única coisa que me ocorre.
E sigo, os seus movimentos, inspirando e expirando, porque a renovação do ar é sempre fonte de renovação da vida. E é disso que agora mais necessito. Porque é isso que a vida tem para me dar.
E confio, nesta dinâmica, porque sempre achei que era fácil aceitar qualquer coisa ou acreditar em alguém, quando a vida nos corre como desejamos ou programamos. Bem mais difícil é fazê-lo quando tudo parece ser colocado em causa. Mas eu, mais do que teimosa, sou crente, em mim e nos afectos que espalham bem-estar à minha volta como se fossem pétalas semeadas no meu caminho. O caminho é o que é, pode ter pedras, desvios ou encruzilhadas, mas as pétalas estão lá para o suavizar e, sobretudo, para o tornar mais bonito. E de afectos o meu caminho não tem falta.
Respiro, sim, profundamente. Mas Confio.

quinta-feira, junho 18

Quem se sente bilionário?

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Ao contrário do que inicialmente pensava quando surgiu nas salas de cinema, «Quem quer ser bilionário» foi sem dúvida dos melhores filmes que vi nos últimos anos e podia elencar aqui um sem número de razões para o dizer.

No entanto, para quem o viu, a frase acima será suficientemente expressiva. Para quem não viu, suficientemente esclarecedora. Para mim é a sinopse perfeita!


Recentemente tem andado mais por perto, porque a M. adora esta música da sua banda sonora, que ultimamente tem passado com mais frequência em algumas rádios.


Aqui fica, porque ela gosta. E porque eu tenho saudades de dançar!

~ Jai Ho ~

Pussycat Dolls

Finalmente


Ontem a M. recebeu oficialmente o seu diploma pela finalização do 1º Ciclo.
É um momento importante, para crianças e pais. A cerimónia é apenas o detalhe que marca o momento, que o ritualiza e que o perpetua nas suas e nossas vidas. Esse é o seu valor, e só por isso não é pouco, embora os bons momentos da vida não tenham de ter todos dia e hora marcada, pompa e circunstância. E, não fosse isso, neste texto sobressairia alguma tristeza pela constatação de tanto alheamento de toda uma comunidade escolar. Num colégio que celebra este ano o seu 50º aniversário, há coisas que não se percebem e julgo que é mesmo impossível que tenham qualquer justificação.
Quando não se informa a realização desta cerimónia a qualquer encarregado de educação por qualquer meio oficial, mas apenas por passa-palavra às crianças, quando se designam as 14h30m para a celebração da mesma, parecendo ignorar que nem todos os pais são patrões de si mesmos (aliás, serão a minoria, seguramente), que nem todos tem hierarquias superiores sensíveis e mesmo quando as têm há compromissos e imprevistos imponderáveis nos horários laborais, que a vida está o que está e que os colégios não se pagam sem obrigações e vinculações de outra ordem, o sentimento mínimo é de perplexidade.
É claro que qualquer pai nestas circunstâncias arranja maneira, nem que pregue uma peta ao chefe - o que já por si parece um excelente meio de exemplo estimulado pela escola - para estar presente numa ocasião única. É claro que qualquer pai sabe que para o seu filho faz toda a diferença que ele lá esteja ou não, nem que seja para dizer aos pais com ar de aparente enfado: Não quero fotografias! É claro que nenhum pai considera mais relevante o trabalho do que este momento, mas a verdade é que qualquer pai sabe que entre conseguir dar uma escapadinha mais cedo, aí por volta das 16h, ou sair para o almoço e ou já não ter hipótese de voltar ou voltar a horas que todos vão achar tardias, faz toda a diferença. E a escola não deve existir para se organizar como comodamente lhe convém mas para trabalhar em prol do bem-estar dos seus alunos e das suas famílias, promovendo a participação e partilha e não a ausência e abstencionismo.
Mais uma vez, como por diversos motivos e em diversas ocasiões se tem repetido nos últimos tempos, não foi o caso. E mais triste me deixa porque não foi ao acaso que escolhi esta escola para a M. Foi porque nela vivi 11 anos do meu percurso escolar, onde fui feliz e irreverente, onde conheci metas e barreiras mas onde também conheci a preocupação atenta de professores e superiores em levar até si as famílias, assim contribuindo para aquilo que se pretende de uma escola, ou pelo menos de uma boa escola como esta se considera a si própria - a colaboração dinâmica de todos os intervenientes. Porque sem esta dinâmica, parece-me que apenas uma parte, talvez a menor parte, do projecto educacional fica concluída.
Uma palavra de descontentamento ainda para o facto de apenas estarem presentes as professoras titulares, esquecendo-se ou ignorando-se a importância do Professor de música, do de ginástica (que foi o meu e que é quase a Instituição em si) e da Catequista... Enfim, suspiro!
À parte destas lamentações de quem não vê razão para não se desejar e conseguir fazer mais e melhor, fica a memória de um momento importante para a M. e para todos os seus companheiros e amigos de percurso. E alguns detalhes...
A cumplicidade da Irmã responsável com as características de cada um;
A comoção das Professoras na hora deste pequeno adeus aos seus meninos;
O silêncio solene das crianças durante toda a cerimónia
As risadas perante os cognomes dados a cada aluno.
... M. a Fashion!... (corei até às orelhas!)
A recomendação-inquirição da M.... Mãe, não vais chorar, pois não?
... Pronto, mãe só quase chorou!

quarta-feira, junho 17

Hoje, brindo-Vos!

Esta Primavera tem feito mau tempo, muito mau tempo, sobretudo numa quantidade de paisagens interiores que conheço e de outras que aqui e além vou conhecendo. Por isso hoje, com este Sol que se espraia, em calor e luz, de Norte a Sul, apetece-me fazer um brinde, e nele juntar todos aqueles que apesar dos Outonos prolongados e dos Invernos insistentes, nunca deixam de acreditar que vale sempre a pena, uma, outra, e outra vez ainda, Deixar Entrar o Sol!

Este é por nós!

Expiar os pecados


É mesmo a única coisa que me ocorre... só posso andar a expiar os meus pecados cá na Terra... Haverá mais alguma razão para todos os dias de manhã, a caminho do colégio da M. eu estar sujeita a ouvir o Melhor Ouvinte do Mundo da Cidade FM?.... Não sabem o que é?... É uma coisa interessantíssima. Um programa onde os dois animadores da manhã daquela estação de rádio fazem perguntas aos ouvintes e em que ganha aquele que mais detalhes conhecer da vida pessoal dos ditos animadores. Ganha o quê?... Coisas maravilhosas e utilíssimas, como uma pulseira partida da Carla Rocha ou um porquinho mealheiro... Mas o melhor de tudo é que dou por mim a rir, feita parva, com tanta parvoeira... O que vale é que o trajecto casa-colégio são só 15 minutos!
(a grande vantagem é que, quando for desta para melhor, levo o saldo a zeros)

terça-feira, junho 16

Esta noite



Apetecia-me passear de mão dada. Contigo.



Uma pergunta à deriva


O que é diferente não deve ser vivido como igual,
pois não?

Um salto, até ao Verão!

imagem MB

Acontece...

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... mas por vezes sem pré-aviso!

~ As ~



~ George Michael & MJB ~



As around the sun the Earth knows

She’s revolving

And the rosebuds know to bloom

In early May

Just as hate knows love’s the cure

You can rest your mind assure

That I’ll be loving you always

As now can’t reveal

The mystery of tomorrow

But in passing

Will grow older every day

Just as all is born is new

You know what I say is true

That I’ll be loving you always

Until the rainbow burns

The stars out of the sky

Until the ocean covers

Every mountain high

Until the day that

Eight times eight times eight is four

Until the day that is the day

That are no more

Did you know that true love

Asks for nothing

Her acceptance is the way we pay

Did you know that life

Has given love a guarantee

To last through forever

And another day

As today I know I’m living for tomorrow

Could make me the past

But that I mustn’t fear

Cause you’re here

Now I know deep in my mind

The love of me I’ve felt behind

And I’ll be loving you always

Until the rainbow burns

The stars out in the sky

Until the ocean covers

Every mountain high

Until the dolphin fly

And parrots live at sea

Until we dream of life

And life becomes a dream(now ain’t that loving you?)

Until the day is night

And night becomes the day

Until the trees and seas

Just up and fly away

Until the day that

Eight times eight times eight is four

Until the day that is the day

That are no more

Reflectir ou A arte de nos contemplarmos, por dentro


Uma actividade racional ou emocional?
Uma necessidade ou um prazer supérfluo?
Procuro-me ou perco-me?

segunda-feira, junho 15

Uma pergunta à deriva


Criar distância e ficar indiferente,
não é a mesma coisa, pois não?

Mergulhos (d)na vida

imagem MB
(Ainda sobre o fim de semana alargado da M. no Alentejo e tornando óbvio que lá dei um pulo, para aproveitar o sol e as bochechas com sabor a cloro, da minha filha)
Encetada que estava uma grande amizade, como sempre são as grandes amizades quando somos crianças- sendo que o facto de poder durar apenas um dia é absolutamente irrelevante para a vida- a M. e outra miúda, que pela estatura e discurso deveria rondar os 12 anos, iam partilhando detalhes das suas vidas - a da outra bem mais a norte, percebi - entre mergulhos e piscinas. A dada altura, chegou aquele incontornável momento de fazer as habilidades que desde pequenos aprendemos a fazer para impressionar os outros, e que depois continuamos pela vida fora, adequando apenas a sofisticação dos métodos aos resultados pretendidos.
Assim sendo, eis senão quando a M. foi surpreendida pelas duas cambalhotas que a outra conseguia dar debaixo de água, habilidade a que assistia com disfarçado constrangimento, enquanto nos seus olhos se percebia conversar com as alças do biquíni como adoraria reproduzir tamanho feito.
Acabada a demonstração, a outra miúda perguntava à M. por que razão ainda mergulhava com o dedo no nariz, tendo tido a pronta resposta de que era assim porque lhe dava mais jeito, mas que também sabia mergulhar sem tal acessório. Ora, posto isto, havia naturalmente que demonstrar a veracidade do que acabava de dizer, tendo a M. decidido heroicamente mergulhar sem a sua estimada obstrução nasal, versão digital.
Vindo ao cimo, fazia aquelas caretas que bem lhe conheço e que melhor ainda compreendo- porque aqui a Je já tem estatuto de idade que lhe permita dizer, sem um pingo de vergonha na cara, que faz exactamente o mesmo.
Olhou-me, entre o orgulhosa pela proeza e o desgostosa pela sensação e eu, coração de mãe cúmplice de narizes que metem água, sorri-lhe, piscando-lhe ligeiramente o olho.
Enquanto mãe, e sobretudo enquanto mãe no papel de educadora, questiono-me muitas vezes se devemos sempre incentivar os nossos filhos a ultrapassar as barreiras dos seus limites. É que se é verdade que a convivência com as realidades e competências dos outros pode ser muitíssimo estimulante e enriquecedora, ajudando-nos tantas vezes a descobrir capacidades que desconhecíamos e a desenvolver outras adormecidas, querendo ir mais além, é também verdade que a relação mais equilibrada com a vida me parece passar por assumirmos que há coisas que mesmo que consigamos não desejamos fazer e outras ainda que nunca conseguiremos fazer, ou porque não estão ao alcance das nossas capacidades ou porque não fazem parte dos nossos ideais de vida.
Neste caso, um mergulho de dedo no nariz ou sem dedo no nariz pode deixar de ser apenas isso. Pode passar a ser a necessidade de corresponder às expectativas de outrem, de não ficar atrás, de mostrar, mais do que a nós aos outros, que conseguimos fazer o que a maioria faz, aparentemente de forma natural.
Na ambiguidade do meu papel de mãe, desejo que a M. deseje mergulhar sem dedo no nariz, mas não que se sinta obrigada a fazê-lo só porque isso é o esperado. Porque de si espero o melhor, pois claro, mas apenas o melhor que está ao seu alcance dar. Não o melhor que outros decidem por si.
E, sejamos honestos, quantas vezes no nosso dia a dia damos mergulhos, de dedo no nariz?

Sempre de olho...


imagem da M.
A M. foi passar estes dias ao Alentejo, com os avós maternos. Digo com algum orgulho, na parte que me toca mas que não é a exclusiva, que me parece ter herdado um gosto já genético pela fotografia. Para além disso, além do gosto, a moça revela pontaria mas, sobretudo, uma excelente sensibilidade estética, quer no enquadramento, quer no que capta primeiro através dos seus olhos e que logo transporta para a sua objectiva.
Não resisti por isso a deixar-vos aqui este registo que, para além do mais, revela o seu apurado e refinadíssimo sentido de humor (e já sei que vou levar nas orelhas e ouvir dizer: Ó mãe! porque é que escreveste isto? - é que a M. ainda não lida bem com os elogios...)
(é claro que se adivinha que anda num colégio minado das ditas!)

No doubt



imagem i can read
É sempre.
Até porque acredito que quase nunca é tarde demais.

domingo, junho 14

Faz-me sentido - Ilustrado

Era disto que falava aqui.

Coisas de que gosto*



  • do cheiro que escapa do saco onde ainda estão os dois ramos de oregãos que os pais e a M. trouxeram do Alentejo

  • dos dias longos

  • de ficar a sentir a M. a dormir

  • de apanhar os meus peixes com a mão na altura de tratar do aquário e de ficar depois a vê-los nadar na serenidade da sua pacata vida

  • de gelatina fora de horas

  • das cumplicidades únicas que os olhares podem ter

  • do arroz doce da Tita que é o melhor do mundo

  • de perceber que tenho sido até hoje capaz de mais e melhor

  • de pensar que vou poder voltar ao voluntariado mais depressa do que pensava

  • de saber que sempre fui a menina do papá e de saber que a M. também é a do seu

* e vou tentar não me esquecer...

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