Hoje ao fim do dia, à saída do banco onde fui pela milésima vez nos últimos quatro meses para assinar mais um milésimo papel, fui abordada por um individuo. De inegável bom aspecto mas visivelmente em inicio de mau trato, perguntou-me com perfeito accent se eu falava inglês. Percebendo de imediato o que se seguiria, disse-lhe que sim. Nesse momento, contou-me na língua de Sua Majestade, a mesmíssima versão que eu e meio mundo já ouviu contar, de que o cartão visa ficara retido na máquina de multibanco e necessitava de um Euro para o ajudar a pagar um táxi que o levasse de volta ao hotel.
Este homem, na casa dos trinta e muitos, era lindo. Sobravam-lhe na roupa e nos gestos retalhos do que foi até há não muito tempo. Pedia pelos motivos óbvios e embora acredite que tivesse ascendência estrangeira sabia certamente falar português tão bem ou melhor do que eu.
Pensei dizer-lhe que não necessitava daquele disfarce. Que caso tivesse lhe daria na mesma o euro que me pedia. Mas não quis. Na realidade tive necessidade de respeitar a sua vergonha, o seu embaraço perante a sua condição. Treinei o inglês. Dei-lhe o euro que era o único que tinha, meti-me no carro e chorei.
Acho que fizeste bem, não é necessário "massacrar" aqueles que por motivos que desconhecemos não são aquilo que eram e se sentem incomodados com essa condição. Tens um bom coração Margarida! =)
ResponderEliminarFizes-te bem. São os "novos pobres" e é tão triste esta dituação.
ResponderEliminarSão estas coisas que nos obrigam a pensar!
ResponderEliminarLouca: Não sei se se trata de uma questão de coração. Tento apenas, nesta como em tantas outras situações na minha vida, ser humilde e não achar que sei ou percebo tudo o que se passa ao meu redor. Não convivo muito bem com embalagens e rótulos. E se de mim só eu sei... como poderia ter a veleidade de achar que dos outros saberia eu?...
ResponderEliminarBeijo
Sandy, não tenho a certeza de ter feito bem. Mas tb não julgo ter feito totalmente mal... Não, estes pobres já são antigos, infelizmente...
ResponderEliminarH: e nos deviam obrigar a agir.
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