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sexta-feira, outubro 30

Gratas memórias

Posso dizer que sou insectofobíaca.
Não me orgulho, sobretudo das figuras (muito) tristes que faço quando uma gigantesta sala se torna num espaço demasiado pequeno para mim e uma (nojenta) varejeira.
Tinha até muitas histórias fantásticas para contar aqui acerca disto, mas não foi por isso que me lembrei de fazer este post.

Na verdade, embora deteste (não gosto da palavra odiar, nem relação a insectos) alguns desses bichinhos esvoaçantes, tenho um particular fascínio por outros. Isto resume-se assim. Gosto daqueles que voando não zumbem, que zumbindo não são nojentos ou que não voam nem zumbem e são lindos. Como os escaravelhos. E as formigas.

E agora sim, a razão deste post.

Nasci na cidade mas sempre me considerei de alma e coração uma menina do campo. A forte influencia dessas raízes familiares aliadas às férias que sempre passei por lá foram determinantes. Talvez por isso, apesar de me sentir irremediávelmente urbana, sinta constante necessidade de me evadir para um, para recuperar forças e reabastecer o oxigénio.

Por essa razão também, há coisas que me marcaram a infância e que sempre me relembram esses momentos. É o caso das formigas de asas, a quem sempre ouvi chamar - não sei se bem ou mal - agudes.*
O meu avô, beirão profundo, gostava de apanhar pássaros.
Tradição que julgo que hoje já nem se mantém, o dia de ir aos pássaros era uma espécie de dia de festa com rituais muito próprios. Pelo menos na família.
Confesso que a parte dos pássaros, depois de apanhados e cozinhados, nunca me atraiu. Mas tudo o resto sim.

E o que tem isso a ver com a agudes? Quase tudo. Porque elas eram o isco que se colocava nos custis.*
O que é um custil? Um custil é uma armadilha para pássaros onde o engodo são insectos. Pois. É aí mesmo que entram as formigas de asas.
Agora a parte engraçada: quando era pequenina, um dia, perante uma invasão de agudes - que é normal após períodos de chuva intensa seguidos de Sol abundante e quente - disse para a minha mãe:
Olha mamã, tantos custis!


*nota: os termos agude e custil não constam do Dicionário da Lingua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, pelo que depreendo serem meros regionalismos.




4 comentários:

O teu raio de sol...

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