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quinta-feira, junho 4

Os abalos da Vida


Não deve haver ninguém que não tenha medo de terramotos. Se todos os fenómenos da natureza são imprevisivies e a maioria das vezes indomáveis, este deve ser por excelência o mais aterrorizador deles. Pela imprevisibilidade. Mas sobretudo pela brutalidade.


Na verdade, embora não demos conta, a terra treme a todo o instante, move-se, ajusta-se, ainda que de forma imperceptível. Depois há aqueles momentos em que a sentimos, ligeiramente, como se acordasse de um sono profundo e se espreguiçasse, agitando o corpo e fazendo balançar o nosso, ainda que por escassos segundos. Ai paramos, ficamos alerta, com o coração a bater a descompasso, como gazelas na selva, pressentindo a proximidade de um predador. Mas logo que percebemos que o perigo passou, retomamos tão depressa quanto possível a vida, tentando esquecer o susto e fazendo por acreditar que tão depressa não vai voltar.


Mas há os outros... os movimentos em que as entranhas da terra parecem revoltar-se e ser consumidas pelo único e estranho desejo de destruição. Nesse momento não há tempo para pensar, para acautelar, para prever ou decidir. Nessas alturas o único verbo conjugável é o de Sobreviver.


Durem muito ou pouco, os terramotos semeiam à sua passagem um rasto de destruição. Normalmente não fica pedra sobre pedra. E as que ficam, ou eram inquestionavelmente sólidas ou ficam marcadas pela cicatriz das fissuras. Mas a verdade é que o que cai ou tinha alicerces frágeis ou deficientes. Era só uma questão de tempo... ou de estímulo.
E depois?
Depois só sobram dois caminhos. Sentar em cima dos escombros e desistir ou arregaçar as mangas e reconstruir.
É fácil?
Claro que não! Até para afastar as pedras que sobraram é necessária uma força quase sobrenatural!
Vale a pena?
Claro que sim! Porque reconstruir, mais do que um acto de sobrevivência é um passo na direcção da evolução. É recuperar o que de melhor sobrou e construir, a partir do pouco ou nada, novas oportunidades.
Reconstruir é reequacionar o passado, trabalhando activamente no presente, para tornar o futuro melhor.
A destruição é em si mesma uma oportunidade de mudança e não um empurrão para a desistência. Foi essa certeza que nos trouxe até aqui, evoluindo na espécie. E acho que todos estamos por isso agradecidos ao Homem das Cavernas!
Nos terramotos da Vida, eu sou uma Construtora!






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